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segunda-feira, 26 de abril de 2010

A marca

Pessoalmente, preferia dar o link, mas como veio por e.mail, reproduzo o texto do amigo e ídolo pessoal, Orivaldo Robles, dono de um dos mais apurados textos da nossa amada Maringá.


A marca registrada*






Conta-se que, lá pelos anos sessenta, famosa artista de Hollywood, em viagem pela África, visitou um leprosário dirigido por religiosas católicas norte-americanas. Numa enfermaria, uma jovem irmã, de grande beleza, ajoelhada ante um doente, curava-lhe as chagas repugnantes. Forte mau-cheiro empestava o ar, mas o rosto da religiosa estampava um sorriso doce. Impressionada, a estrela de cinema deixou escapar: “Irmã, eu não faria isso nem por um milhão de dólares.”. E a irmãzinha, sem perder o sorriso: “Nem eu, senhora”.



Na sociedade consumista em que vivemos tudo se reduz a valores de mercado. As realidades mais nobres são vistas sob a ótica do lucro. Inclusive as sagradas, onde dinheiro não entra. Nossa comunhão com Deus exige mudança de vida. Sem nascer de novo, como ensinou Jesus a Nicodemos, é inútil falar de verdadeiro cristão.



Virou moda ultimamente usar o nome de Deus ou de Jesus por qualquer motivo. Os judeus cercavam de profundo temor reverencial o sagrado nome de Yahweh. Por escrupuloso respeito, evitavam pronunciá-lo. Cristãos de várias denominações praticam hoje o extremo oposto. Vulgarizam tanto o sagrado que o reduzem a simples apelo de mercantilismo religioso.



Os exemplos citam-se às dezenas. O nome de Jesus virou uma espécie de amuleto, que se usa em qualquer circunstância e a qualquer pretexto. Tomem-se as frases das camisetas de boleiros. É marcar um gol e lá vai ele às câmeras de TV fazer exposição de sua “fé”. Convicção religiosa ou modismo de conveniência? Um treinador opinou, certa vez, que os problemáticos e maiores criadores de caso conhecidos por ele eram justamente os ditos “atletas de Cristo”. Não sei o que tencionava dizer, mas tinha a ver com falsidade, hipocrisia, mentira, essas coisas.



É triste ver a divisão da sociedade entre pessoas de Cristo e as outras. Não parece razoável – menos ainda, aceite pelo Senhor – separar professores de Cristo, médicos de Cristo, engenheiros de Cristo, comerciantes de Cristo, agricultores de Cristo, garis de Cristo etc. Não será nova modalidade de fundamentalismo? Uma coisa é fé; outra, propaganda comercial.



Há algum tempo, circulava pela cidade um carro com um adesivo colado ao vidro traseiro: “Discípulo de Jesus”. Quem sabe, fosse mesmo necessário o esclarecimento. Sem explicação, não se percebem certas coisas. Talvez o comportamento do motorista levasse a conclusão diferente. Era preciso fazer alarde daquilo que ninguém via..



Para identificação de seus seguidores Jesus deixou um sinal inconfundível. Quem o carrega é imediatamente reconhecido. Sem risco de confusão. É mais visível que o mais colorido adesivo, mais audível que o mais potente som.



Jesus, que talvez não entenda de merchandising, mas de Reino de Deus entende como ninguém, criou uma fórmula inconfundível: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35

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